Charlie Garriga é guitarrista, e das cordas de sua guitarra sairam os riffs de singles e discos clássicos do CIV. Atualmente Charlie também toca no Judge, e neste bate-papo fala pra gente um pouco sobre sua época no CIV, começo de carreira ao lado de Derrick Green (Sepultura) e a atual situação de suas bandas.
Charlie, qual a situação atual do CIV? A banda está fazendo shows esporádicos e o último lançamento foi uma coletânea em 2009. Vocês tem planos de fazer algo novo? Como o Civarelli está se posicionando quanto a banda? É um projeto paralelo pra ele agora que o Gorilla Biscuits está mais ativo?
Basicamente fazemos shows quando é algo que nos parece divertido ou beneficente a alguma boa causa. Continuamos bons amigos e adoramos tocar juntos. Estamos todos ocupados com a família e trabalho, então não vejo novas músicas aparecendo. Civ e Arthur continuam fazendo alguns festivais com o Gorilla Biscuits e o Sam e eu estamos tocando no Judge, então essas bandas são prioridade pra gente. Civarelli gosta de fazer shows com o CIV, mas ele anda bem ocupado com sua loja de tattoo, fazendo convenções de tatuagem e ele também tem sua família.
E o que você pode comentar sobre os shows no Brasil? Ter o CIV tocando por aqui foi algo inimaginável. Como foi essa experiência pra você?
O fim de semana em São Paulo foi maravilhoso pra todos nós. Entre Gorilla Biscuits, Judge e CIV, somos todos amigos por mais de 25 anos. Estamos velhos (risos). Tivemos ofertas para tocar no Brasil anteriormente e nunca tinha rolado, então estávamos empolgado em fazer rolar. Os shows foram demais! A galera era muito apaixonada e cheia de energia, dando stage dive e cantando junto. Isso significa muito pra gente, quando pessoas realmente apreciam que você tenha viajado para tocar pra elas. E também foi um momento de passeio legal pra gente. É cada vez mais difícil juntar os amigos conforme você vai ficando mais velho e tem familia e trabalho, então curtimos cada minuto disso.
Inimaginável também era a idéia de que video-clipes/singles como "Cant Wait One Minute More" ou "Choices Made" poderiam ser exibidos nas tardes da MTV, ao lado de nomes da música pop. Como foi manter-se com os pés no chão nessa época? Havia muita cobrança sobre uma ética punk por parte do CIV?
Esse lance da MTV era muito louco. A gente não conseguia acreditar no que estava rolando pois a gente nunca teve este tipo de atenção em outras bandas. Acho que o fato de bandas como o Green Day, Offspring e Rancid terem vindo de uma cena similar a nossa fez com isso fosse de alguma forma menos maluco. Eu pessoalmente sentia como uma espécie de recompensa por todo o tempo e sofrimento que passamos excursionando como uma banda pequena. Basicamente recebendo nada e se ferrando pelas estradas dos Estados Unidos. (risos) Eu acho que se você é alguém pé no chão normalmente, vai aproveitar esse momento de destaque. Se vocè é um idiota, se mantém um idiota só que com mais dinheiro, eu acho. A gente foi chamado de vendidos por alguns moleques. Eu entendo isso também. Você sempre quer que as coisas permaneçam na sua cena, onde você pode ver a banda em um local menor, sem grade e sem centenas de milhares de pessoas novas. A gente sempre tentou manter nossos shows como shows de hardcore mesmo.
Antes do CIV, você tocou com o Derrick Green, vocalista atual do Sepultura, no Outface, certo? Você ainda tem contato com o Derrick? O que acha do trabalho dele no Sepultura atualmente?
Derrick e eu crescemos juntos em Cleveland. Sim, nossa banda era o Outface. Lançamos um EP na Crisis Records através da Revelation Records no começo dos anos 1990. Sim, continuamos em contato. Trocamos mensagens pelo instagram e coisas assim. Eu sempre o vejo quando ele está por NYC ou New Jersey com o Sepultura. Foi legal sair com ele em São Paulo. Ele nos mostrou como é por ai e nos levou a lugares legais. Ele também é reconhecido pela maioria das pessoas, e isso era divertido pra gente. Ele realmente é um dos melhores caras de todos os tempos. Eu amo aquele cara! Foi demais quando ele chegou e cantou com todo mundo durante o show do Gorilla Biscuits em São Paulo. É maluco pensar que ele está cantando no Sepultura há quase vinte anos já. Sei que há pessoas que tem opiniões sobre a banda desde a saída do Max. Eu sinto que eles criaram sua própria identidade com Derrick. Eles continuam tocando pelo mundo todo e lançando disco e o disco novo, Machine Messiah é incrível. Eles são uma banda do caralho! Acho que há espaço para Max e Iggor fazerem o lance deles e o Sepultura a continuar com essa coisa deles.
E o que você está fazendo musicalmente, já que o CIV está em descanso? Quais as atividades atualmente?
Agora estamos lentamente trabalhando em material novo do Judge. É difícil pois Mike e eu vivemos em New Jersey, e o Sammy e o Porcell vivem na California. Estamos armando planos de nos juntarmos em breve para começar a trabalhar em novas músicas. Não acho que vai rolar um disco completo. Eu ficaria feliz com uma ou duas músicas foda para mostrar como foram os nossos últimos anos tocando juntos. Mas nunca se sabe. Vamos ver o que vai rolar. Queremos manter a coisa rolando.