All The Hats
Entrevista por Wladimyr Cruz em 16/07/2018

O All The Hats está pronto para voltar ao Brasil, mas não é a primeira vez que vocês vem ao país, tocaram aqui inclusive com o Social Distortion anos atrás. Quais suas lembranças dos shows no Brasil e o que podemos esperar deste próximo?
Sim. voltamos! E ainda por cima fazendo parte do line-up do Oxigênio Fest! Felizmente nos foi dada a oportunidade de visitar o Brasil novamente, um lugar que amamos, que nos ensinou muito sobre a vida de uma banda na estrada durante nossas primeiras turnês fora da Argentina, onde compartilhamos muitos dos nossos melhores shows e fizemos muitos amigos, irmãos com quem estamos ansiosos para nos encontrar novamente durante essa nova turnê.
Será a 4ª vez que o ATH visita o Brasil. Nós gravamos muitas memórias para a vida e, claro, uma deles, das mais significativas, foi ter podido apoiar o Social Distortion em seu show de São Paulo. Um grande sonho se tornando realidade.
Nesta nova turnê você poderá ver um ATH cheio de energia, muito grato por voltar à excursionar em seu país e, além disso, com um novo álbum - intitulado "Uno A Uno" - que é o nosso primeiro LP completamente em espanhol.
Muito já se discutiu o assunto, mas há poucos resultados práticos. Como promover mais a interação entre a cena argentina e a brasileira? Por que há tanta resistência e dificuldade em criar uma conexão maior entre as bandas dos dois países.
Olhe, da nossa parte é constante a procura por essa interação, fazemos todos os esforços que são necessário para construir pontes, e isso tanto com as bandas e produtores, bem como com o público, mas enquanto não tivermos como objetivo construir, apostar em futuras parcerias entre produtores, mídia, patrocinadores como um projeto de grupo, só teremos algumas faíscas, mas nunca fogo. O underground em ambos os países é cheio de excelentes bandas, profissionais, com a força necessária para viajar, e garanto-lhe que eles estariam dispostos a viajar quase do sul da argentina ao norte do brasil em coletivo se necessário, mas como todo o underground, falta quem aposte e quem o acompanhe.
Por outro lado, focando mais na nossa realidade como banda, reconhece-se que o estilo da música (punk rock, hardcore, etc) não é o mais popular, não é o que toca na mídia de massa para alcançar e despertar um público massivo, de modo a alcançar a demanda de ser mais exposto, mas o que que se sabemos é que o tipo de música e mensagem que tantas bandas como nós passam é o que o mundo precisa ouvir mais! Aquele som direto, sincero e real... e é por isso que seguimos em frente, apesar de toda a adversidade, sempre tentando encurtar distâncias e poder nos conectar.
E excursões fora da América do Sul? Parece que as bandas brasileiras conseguem cruzar o oceano em maior quantidade. Como é essa conexão da cena Argentina com outros países? O All The Hats tem pretensões internacionais nesse sentido?
O ATH não tem fronteiras, não faz diferença, queremos poder levar a nossa música para qualquer lugar possível, nossa casa se torna o lugar onde todos estamos. Na verdade, o significado de All The Hats é uma maneira de dizer TODOS OS PUNKS, TODA A FAMÍLIA, TODOS OS AMIGOS, TODAS AS PESSOAS.
Em relação a conexão da ?"cena" argentina com outros países, eu acho que você pode ver mais refletido o resultado em países da América Latina, da Argentina ao México. Muitos artistas argentinos abriram as portas e nos ajudaram a reconhecer que somos um país que produz excelente música. Agora, cruzar o oceano é outra história e tem poucas linhas escritas.
No caso específico da ATH, o mesmo esforço de sempre, em conjunto entre produtores e outras bandas irmãs (por exemplo, o Nitrominds) nos deu a oportunidade de atravessar o oceano juntos e levarmos a nossa música para o velho continente (tour na Alemanha e Holanda), bem como muitas bandas argentinas fizeram e fazem, mas infelizmente não é uma tarefa fácil.
E como está a cena argentina hoje em tempos de crise e tantos protestos por ai? Um povo tão politico quanto o Argentino imagino que esteja tendo isso refletido na produção punk rock local certo?
Está correto, estamos passando por uma crise severa mais uma vez, e é claro que ela atingiu com força não só a produção de punk rock, mas tudo o que aparece pela frente. Infelizmente a cena local que hoje deveria estar unida e super ativa, não
se encontra assim, o que seria incrível se acontecesse.
"Uno A Uno" foi o último trabalho full do All The Hats, correto? Tem novidades a frente? O mercado Argentino ainda suporta o lançamento de mídias físicas?
É isso mesmo, "Uno A Uno" é o nosso último álbum até agora e ao mesmo tempo nosso primeiro álbum completamente em espanhol. É um disco em que conseguimos despejar e compartilhar nas 12 novas faixas uma ampla gama de sons e estilos de música que sempre nos influenciaram sem descuidar da atitude e do poder do punk rock.
No momento, estamos gravando algumas demos já pensando em novos materiais e nosso principal objetivo é continuar a levar nossa música a todos os cantos do mundo.
Quanto aos meios físicos, em uma quantidade muito menor ainda há um suporte. Felizmente ainda há pessoas que gostam de obter o material físico, desfrutar de todo o ritual que envolve e valorizar a música como ela merece enquanto desfruta da melhor qualidade de áudio possível. Não há melhor experiência do que comprar um disco físico, aproveitando o tempo para apreciá-lo, abri-lo, ouvi-lo em excelente qualidade, ler as letras. Em um mundo onde todos parecem apenas ouvir, é bom saber que ainda há pessoas que escutam.
Conhecem outras bandas que irão tocar com vocês no Oxigênio Festival? Alguma que vocês gostam e estão ansiosos em ver?
Claro! Statues On Fire, Dead Fish.. Com eles temos compartilhado muitos momentos incríveis juntos, passeios e muito mais! Estamos ansiosos para nos encontrarmos novamente! Se há algo que o Brasil tem, é que suas bandas são todas muito boas! Com um poder e uma energia tremenda que te pega, música feita com sangue e verdadeiros sentimentos, e é por isso que estamos ansiosos para aproveitar esta nova turnê e continuar descobrindo mais pessoas, bandas, músicas e novos amigos! Venha nos ver! Nos vemos por aí!