Lollapalooza 2018
23/03/2018 - Autódromo de Interlagos - São Paulo/SP

O Lollapalooza 2018 aconteceu no último final de semana no Autódromo de Interlagos e para este ano, apresentou algumas mudanças. O festival teve três dias de evento, trazendo um número ainda maior de bandas e atrações, passou por algumas modificações na estrutura visando melhorar a circulação e atendimento ao público.
Umas das mudanças aconteceu com o Palco Perrys, que este ano ficou no local do Palco Axe, dando um maior espaço para a música eletrônica. O Palco Axe ficou bem próximo ao Palco Onix, mas com uma programação alternada, para que um não atrapalhasse o outro. Os palcos principais continuaram no mesmo local.
A área de alimentação está bem distribuída e o Chefs Stage ganhou mais espaço, tivemos diminuições nos tamanhos das filas de alimentos e bebidas, uma das maiores reclamações do ano anterior. O Lolla Market e a área de merchandising estão bem variadas, dando mais opções de compra para o público. Os stands das marcas continuam bem interativos, o de um dos principais patrocinadores ofereceu um espaço de descanso, pocket shows e cabines de áudio para que as pessoas gravassem suas próprias fitas cassetes.

No primeiro dia de Lollapalooza, começamos com o show do duo Royal Blood, no Palco Onix, que surpreendeu em uma apresentação forte e confiante e contou com fãs (em sua maioria adolescentes) e um público bem grande no horário. Com a mágica de não utilizar uma guitarra e fazer riffs tão fiéis quanto ao instrumento com seu baixo, Mike Kerr ainda intriga fãs e desconhecidos no seu modo de tocar, mesmo quando algumas vezes utiliza um teclado. Músicas como "I Only Lie When I Love You", "Hook, Line & Sinker" e "Out of the Black" preencheram o setlist da dupla.

Pode o LCD Soundsystem ser considerado rock para entrar nessa resenha? Claro que pode, o grupo comandado por James Murphy mescla eletrônicos com elementos do rock, já visto em diversas bandas por aí, a diferença é que os álbuns do LCD Soundsystem, de fato pendem mais para o eletrônico. O show já começa com "Daft Punk is Playing in my House", faixa de maior sucesso da banda, colocando o público para dançar durante uma hora de muito barulho e vigor, mesclando sons da carreira com as do último álbum, lançado ano passado como "Movement", "Tonite" e "All my Friends".

O Red Hot Chili Peppers fechou o Palco Budweiser no primeiro dia de Lollapalooza Brasil 2018 para aproximadamente 100 mil pessoas, começando muito bem com a trinca "Cant Stop", "Snow (Hey Oh)" e "Otherside". A apresentação que durou por volta de 1h40, misturou músicas novas, antigas e os grandes hits, e mesmo com uma performance dos integrantes que dividiu opiniões, o que importava estava lá, diversão e nostalgia.
Entre dancinhas e corridas no palco, Anthony Kiedis ainda se mantém em forma, mas diminuiu o ritmo ao longo dos anos, Flea e Chad são os que garantem que você fique vidrado no palco durante todo o show, Flea mantem sua personagem e se encaixa perfeitamente com o timing de Chad que se mostra o elo mais forte em palco. Klinghoffer se esforça, toca e canta Menina Mulher da pele Preta de Jorge Ben Jor, mas não encanta, falta carisma. O guitarrista tem potencial, mas precisa sair da sombra do Frusciante. Como conjunto o espetáculo flui, canções mais novas como "Dark Necessities" e "Goodbye Angels" funcionam bem ao vivo, mas os melhores momentos são com os hits radiofônicos, como "Californication" (mesmo em um formato mais lento) e "By the Way" ou pelas belas surpresas como "Blood Sugar Sex Magik", a ótima "Higher Ground" (cover de Stevie Wonder) e "Aeroplane" que das mais antigas, foi a que mais agradou o público.
As clássicas "Under the Bridge" e "Give it Away" permanecem sendo a cereja do bolo, levando ao êxtase, fãs de todas as gerações, fosse para cantar aos berros ou filmar para Instagram.
Para pessoas (que como eu) viram este show com alguns anos de atraso, independente das mudanças ao longo da carreira do grupo, a apresentação foi essencial e o Red Hot Chili Peppers continua relevante em alguns aspectos no mundo do rock. Como falei lá em cima, a diversão e nostalgia são garantidos.
O segundo dia do festival contou com grandes clássicos, nós começamos pela apresentação do genial David Byrne e a opinião de genial não é só minha, pouco antes do show recebi a mensagem de um amigo que dizia Aproveite, você verá um gênio em palco., mais tarde Eddie Vedder comenta Vocês viram há pouco o show do David Byrne, ele é um gênio, eu o amo., coincidência ou unanimidade, a verdade é que David Byrne fez um dos melhores shows do festival este ano, tocando músicas do Talking Heads e de sua carreira, num formato onde os músicos não são fixos em lados de palco, o que os deixa a vontade e com uma satisfação estampada no rosto do começo ao fim, onde os backing vocals fazem dancinhas junto com Byrne em uma apresentação teatral. É algo difícil de descrever, mas uma experiência única.
O ex líder do Talking Heads é simpático, sorridente e sua voz soa impecável sem grandes esforços. Do cenário ao figurino, das interações da banda à individualidade de Byrne, de "Everybodys Coming to my House", passando por "Once in a Lifetime" ou com o público (maioria fãs aguardando o Imagine Dragons) dançando em "Every Day is a Miracle" e fechando com "Burning Down the House". O show é uma aula e necessário para qualquer fã de música e rock. David Byrne está para o Lollapalooza Brasil 2018, como o Duran Duran esteve para edição de 2017, merecia uma posição melhor na programação e com mais tempo em palco.
Como em todas as edições, chega o momento em que as programações dos palcos principais conflitam em interesses. Ou você assiste a um show todo e corre para o outro (e atesta sua forma física) ou você se reveza entre ambos e curte um pouco de cada com mais calma. Dessa vez vimos um pouco do The National que se apresentou no Palco Budweiser, um dos vencedores do Grammy 2018 fizeram um show com um clima post punk, remetendo a artistas como Joy Division e New Order. "I Need My Girl" e "Fake Empire" foram algumas das canções que dividiram vocais com os fãs.
O Imagine Dragons fechou a noite do Palco Onix de forma surpreendente, desde sua estreia no Brasil, no Lollapalooza 2014, passando pela apresentação solo em 2015 e retornando agora nesta edição, os americanos se consagraram como a banda que mais viu seu público crescer no país e a forma de agradecimento, foi um show enérgico, preciso e digno de grandes arenas. Ainda trabalhando a tour "Evolve", a apresentação contou com diversas faixas do último álbum, como "Thunder", "Believe" e "Whatever it Takes", singles já lançados por aqui e na ponta da língua dos fãs, os hits não ficaram de fora, "Its Time", "Demons" e "Radioactive" foram destilados em meio às boas performances dos integrantes e ao carisma de Dan Reynolds. Arrisco dizer que seria possível headliner de uma próxima edição.

O Pearl Jam é grandioso e digo isso sabendo que eles não agradam a todos (e quem agrada?), mas uma apresentação como a da noite de sábado, pode fazer com que muitos mudem de opinião ou ao menos deem uma nova chance aos grunges de Seattle. O show do Pearl Jam de hoje em dia tem gosto de satisfação, não só para os fãs, mas para a banda, que se mostra mais descontraída e um Eddie Vedder cada vez mais amigo e próximo de seu público.
Começando com "Wash", seguida de "Corduroy" e "Do The Evolution", o Pearl Jam já levanta a multidão e assim segue até o final, seja com as calmas e belíssimas "Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town" e "Sirens" ou com faixas mais rock e agitadas como "Mind Your Manners", "Porch" ou "Cant Deny Me", single recém lançado. As surpresas ficaram por conta de "Down", "Lukin" e "Smile".
Eddie Vedder como sempre se esforçou para falar português com o público, em meio a goles diretamente de sua garrafa de vinho. Cantou parabéns e levou bolo ao palco para comemorar o aniversário de Perry Farrel que aproveitou e dividiu o palco e os vocais na canção "Mountain Song" do Jane's Addiction, dividiu sua bebida com os fãs e como de costume, jogou diversos pandeiros como souvenirs para o público. Ele também homenageou David Byrne (a quem chamou de gênio) fazendo uma cover do Talking Heads, e falando em covers ainda teve Pink Floyd e The Who.
"Better Man" foi cantada, após Vedder mencionar a visita do guitarrista Stone Gossard à Amazônia em apoio a projetos ambientais, também não faltaram as fan favourites "Even Flow", "Jeremy", "Alive" e "Black" que arrancou um belo sorriso da banda, que já viu essa canção ecoar inúmeras vezes, mas talvez não como ecoou com o público de 100 mil pessoas ali presentes. "Yellow Ledbetter" em uma versão resumida encerrou o show de pouco mais de 2 horas, que mostrou mais uma vez, que o Pearl Jam é hoje um conjunto com mais foco em divertir e se divertir e a fórmula tem funcionado.

Chegamos ao último dia da oitava edição do Lollapalooza Brasil, com um dos shows mais esperados do festival, Liam Gallagher. Após um abandono de palco no Lollapalooza Chile, o cancelamento de seu show solo em São Paulo (do qual ele se desculpou com o público), a ansiedade era grande (mesmo ele tendo se apresentado na quinta-feira, no Onix Day). E o irmão marrento dos Gallagher se apresentou de forma honrosa em uma hora de show que considerou muito mais músicas do Oasis do que se esperava, com um Liam sendo simpático (ao seu modo) e com a voz muito boa.
A dobradinha "Rock N Roll Star" e "Morning Glory" precedeu faixas de seu disco "As You Were", as canções "Greedy Soul", "Wall of Glass" e "Bold" fizeram parte do set e foram muito bem executadas pelos músicos, as canções agradaram tanto quanto o álbum e teve o acompanhamento de alguns fãs que já tem os versos decorados.
Quem esperava ouvir canções do grupo inglês, saiu bem satisfeito, já que Liam ainda cantou "Be Here Now", "Supersonic", a tão esperada e preferida "Wonderwall" entre outras, além de encerrar em grande estilo com "Live Forever".
Liam Gallagher veio, vestindo casaco de frio, bermuda e óculos escuros, trouxe seus músicos que agregaram muito ao show, fez uma apresentação completa com todos os trejeitos que conhecemos e mesmo com todo seu ar blasé, foi educado e simpático (mas sem esquecer os palavrões) e foi embora com missão cumprida.
O The Killers é hoje uma das maiores bandas de rock e do entretenimento musical mundial. Exagero? Nenhum. O show que encerrou a terceira noite do Lollapalooza 2018 não poderia ter sido outro, o que o The Killers apresenta em palco é entretenimento da melhor qualidade, menos teatral e programado do que muitos fazem por aí, e sem esquecer do rock.
Apesar das recentes mudanças na formação original, ficou claro que a alma e o coração do grupo são Flowers e Vannucci, que comandam o palco, deixam os demais músicos como coadjuvantes, mas sem deixá-los ofuscados, como é possível notar quando Ted Sablay trabalha em seus solos de guitarra ou quando as vozes das backing vocals soam potentes ao fundo.
O setlist muito bem escolhido, que passa por toda discografia (oficial) do grupo, se mantem semelhante aos dos últimos shows da tour, para satisfação dos fãs, que receberam uma enxurrada de hits: "The Man", "Somebody Told Me" e "Spaceman" só para começar. Flowers esbanja charme e elegância em palco, vai de um lado ao outro, canta, toca guitarra, teclado, interage e sorri, sorri muito para a multidão que os acompanha.
A cenografia como de costume é com muitas luzes, cores e papel picado, fazendo cada canção, ser também visualmente atraente. O show é completo, por parte de banda e de fãs, teve convidada tocando bateria em "Reasons Unknown" (a garota - que trabalha no Multishow e é ex-baterista da banda Scracho - mandou muito bem, mas não consegui deixar de notar a forma como Ronnie a conduziu), teve coro em todas as músicas, alguns refrões nunca foram cantados tão alto como ali, teve músicas que nem sempre estão pelo repertório, como "Shot at the Night" e "This River is Wild", teve Liam Gallagher aparecendo no palco em "All These Things Ive Done" e surpreendendo não só o público, mas também Flowers.
Para o bis, Brandon retorna vestindo um blazer prata reluzente, é a vez de "When You Were Young" deixar os fãs quase sem fôlego. Quase, porque quando "Mr. Brightside" é tocada não teve um que ficasse parado e não cantassem a música que se encontra há 14 anos no Top 100 da Bilboard UK.
O que faz o show do The Killers se encaixar no mundo business, mas também no rock, é a forma como é executado, não se parece como trabalho, músicas antigas não são tocadas como obrigação, o grupo ainda se diverte e com isso o que vemos é um show honesto e de qualidade. Brandon sabe em que patamar ele e sua banda chegaram e tem administrado isso muito bem.
Ronnie Vannucci se despediu dizendo: Se vocês não gostaram, não contem a ninguém que estiveram aqui. Se gostaram, contem a todos os seus amigos..
E contaremos, não só sobre os shows do The Killers, do Pearl Jam, do Red Hot Chili Peppers e dos demais, mas também desta edição do Lollapalooza Brasil, que se modificou e melhorou em diversos aspectos e que esperamos encontrar ainda mais novidades nas próximas edições. Até lá!
Umas das mudanças aconteceu com o Palco Perrys, que este ano ficou no local do Palco Axe, dando um maior espaço para a música eletrônica. O Palco Axe ficou bem próximo ao Palco Onix, mas com uma programação alternada, para que um não atrapalhasse o outro. Os palcos principais continuaram no mesmo local.
A área de alimentação está bem distribuída e o Chefs Stage ganhou mais espaço, tivemos diminuições nos tamanhos das filas de alimentos e bebidas, uma das maiores reclamações do ano anterior. O Lolla Market e a área de merchandising estão bem variadas, dando mais opções de compra para o público. Os stands das marcas continuam bem interativos, o de um dos principais patrocinadores ofereceu um espaço de descanso, pocket shows e cabines de áudio para que as pessoas gravassem suas próprias fitas cassetes.

No primeiro dia de Lollapalooza, começamos com o show do duo Royal Blood, no Palco Onix, que surpreendeu em uma apresentação forte e confiante e contou com fãs (em sua maioria adolescentes) e um público bem grande no horário. Com a mágica de não utilizar uma guitarra e fazer riffs tão fiéis quanto ao instrumento com seu baixo, Mike Kerr ainda intriga fãs e desconhecidos no seu modo de tocar, mesmo quando algumas vezes utiliza um teclado. Músicas como "I Only Lie When I Love You", "Hook, Line & Sinker" e "Out of the Black" preencheram o setlist da dupla.

Pode o LCD Soundsystem ser considerado rock para entrar nessa resenha? Claro que pode, o grupo comandado por James Murphy mescla eletrônicos com elementos do rock, já visto em diversas bandas por aí, a diferença é que os álbuns do LCD Soundsystem, de fato pendem mais para o eletrônico. O show já começa com "Daft Punk is Playing in my House", faixa de maior sucesso da banda, colocando o público para dançar durante uma hora de muito barulho e vigor, mesclando sons da carreira com as do último álbum, lançado ano passado como "Movement", "Tonite" e "All my Friends".

O Red Hot Chili Peppers fechou o Palco Budweiser no primeiro dia de Lollapalooza Brasil 2018 para aproximadamente 100 mil pessoas, começando muito bem com a trinca "Cant Stop", "Snow (Hey Oh)" e "Otherside". A apresentação que durou por volta de 1h40, misturou músicas novas, antigas e os grandes hits, e mesmo com uma performance dos integrantes que dividiu opiniões, o que importava estava lá, diversão e nostalgia.
Entre dancinhas e corridas no palco, Anthony Kiedis ainda se mantém em forma, mas diminuiu o ritmo ao longo dos anos, Flea e Chad são os que garantem que você fique vidrado no palco durante todo o show, Flea mantem sua personagem e se encaixa perfeitamente com o timing de Chad que se mostra o elo mais forte em palco. Klinghoffer se esforça, toca e canta Menina Mulher da pele Preta de Jorge Ben Jor, mas não encanta, falta carisma. O guitarrista tem potencial, mas precisa sair da sombra do Frusciante. Como conjunto o espetáculo flui, canções mais novas como "Dark Necessities" e "Goodbye Angels" funcionam bem ao vivo, mas os melhores momentos são com os hits radiofônicos, como "Californication" (mesmo em um formato mais lento) e "By the Way" ou pelas belas surpresas como "Blood Sugar Sex Magik", a ótima "Higher Ground" (cover de Stevie Wonder) e "Aeroplane" que das mais antigas, foi a que mais agradou o público.
As clássicas "Under the Bridge" e "Give it Away" permanecem sendo a cereja do bolo, levando ao êxtase, fãs de todas as gerações, fosse para cantar aos berros ou filmar para Instagram.
Para pessoas (que como eu) viram este show com alguns anos de atraso, independente das mudanças ao longo da carreira do grupo, a apresentação foi essencial e o Red Hot Chili Peppers continua relevante em alguns aspectos no mundo do rock. Como falei lá em cima, a diversão e nostalgia são garantidos.
O segundo dia do festival contou com grandes clássicos, nós começamos pela apresentação do genial David Byrne e a opinião de genial não é só minha, pouco antes do show recebi a mensagem de um amigo que dizia Aproveite, você verá um gênio em palco., mais tarde Eddie Vedder comenta Vocês viram há pouco o show do David Byrne, ele é um gênio, eu o amo., coincidência ou unanimidade, a verdade é que David Byrne fez um dos melhores shows do festival este ano, tocando músicas do Talking Heads e de sua carreira, num formato onde os músicos não são fixos em lados de palco, o que os deixa a vontade e com uma satisfação estampada no rosto do começo ao fim, onde os backing vocals fazem dancinhas junto com Byrne em uma apresentação teatral. É algo difícil de descrever, mas uma experiência única.
O ex líder do Talking Heads é simpático, sorridente e sua voz soa impecável sem grandes esforços. Do cenário ao figurino, das interações da banda à individualidade de Byrne, de "Everybodys Coming to my House", passando por "Once in a Lifetime" ou com o público (maioria fãs aguardando o Imagine Dragons) dançando em "Every Day is a Miracle" e fechando com "Burning Down the House". O show é uma aula e necessário para qualquer fã de música e rock. David Byrne está para o Lollapalooza Brasil 2018, como o Duran Duran esteve para edição de 2017, merecia uma posição melhor na programação e com mais tempo em palco.
Como em todas as edições, chega o momento em que as programações dos palcos principais conflitam em interesses. Ou você assiste a um show todo e corre para o outro (e atesta sua forma física) ou você se reveza entre ambos e curte um pouco de cada com mais calma. Dessa vez vimos um pouco do The National que se apresentou no Palco Budweiser, um dos vencedores do Grammy 2018 fizeram um show com um clima post punk, remetendo a artistas como Joy Division e New Order. "I Need My Girl" e "Fake Empire" foram algumas das canções que dividiram vocais com os fãs.
O Imagine Dragons fechou a noite do Palco Onix de forma surpreendente, desde sua estreia no Brasil, no Lollapalooza 2014, passando pela apresentação solo em 2015 e retornando agora nesta edição, os americanos se consagraram como a banda que mais viu seu público crescer no país e a forma de agradecimento, foi um show enérgico, preciso e digno de grandes arenas. Ainda trabalhando a tour "Evolve", a apresentação contou com diversas faixas do último álbum, como "Thunder", "Believe" e "Whatever it Takes", singles já lançados por aqui e na ponta da língua dos fãs, os hits não ficaram de fora, "Its Time", "Demons" e "Radioactive" foram destilados em meio às boas performances dos integrantes e ao carisma de Dan Reynolds. Arrisco dizer que seria possível headliner de uma próxima edição.

O Pearl Jam é grandioso e digo isso sabendo que eles não agradam a todos (e quem agrada?), mas uma apresentação como a da noite de sábado, pode fazer com que muitos mudem de opinião ou ao menos deem uma nova chance aos grunges de Seattle. O show do Pearl Jam de hoje em dia tem gosto de satisfação, não só para os fãs, mas para a banda, que se mostra mais descontraída e um Eddie Vedder cada vez mais amigo e próximo de seu público.
Começando com "Wash", seguida de "Corduroy" e "Do The Evolution", o Pearl Jam já levanta a multidão e assim segue até o final, seja com as calmas e belíssimas "Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town" e "Sirens" ou com faixas mais rock e agitadas como "Mind Your Manners", "Porch" ou "Cant Deny Me", single recém lançado. As surpresas ficaram por conta de "Down", "Lukin" e "Smile".
Eddie Vedder como sempre se esforçou para falar português com o público, em meio a goles diretamente de sua garrafa de vinho. Cantou parabéns e levou bolo ao palco para comemorar o aniversário de Perry Farrel que aproveitou e dividiu o palco e os vocais na canção "Mountain Song" do Jane's Addiction, dividiu sua bebida com os fãs e como de costume, jogou diversos pandeiros como souvenirs para o público. Ele também homenageou David Byrne (a quem chamou de gênio) fazendo uma cover do Talking Heads, e falando em covers ainda teve Pink Floyd e The Who.
"Better Man" foi cantada, após Vedder mencionar a visita do guitarrista Stone Gossard à Amazônia em apoio a projetos ambientais, também não faltaram as fan favourites "Even Flow", "Jeremy", "Alive" e "Black" que arrancou um belo sorriso da banda, que já viu essa canção ecoar inúmeras vezes, mas talvez não como ecoou com o público de 100 mil pessoas ali presentes. "Yellow Ledbetter" em uma versão resumida encerrou o show de pouco mais de 2 horas, que mostrou mais uma vez, que o Pearl Jam é hoje um conjunto com mais foco em divertir e se divertir e a fórmula tem funcionado.

Chegamos ao último dia da oitava edição do Lollapalooza Brasil, com um dos shows mais esperados do festival, Liam Gallagher. Após um abandono de palco no Lollapalooza Chile, o cancelamento de seu show solo em São Paulo (do qual ele se desculpou com o público), a ansiedade era grande (mesmo ele tendo se apresentado na quinta-feira, no Onix Day). E o irmão marrento dos Gallagher se apresentou de forma honrosa em uma hora de show que considerou muito mais músicas do Oasis do que se esperava, com um Liam sendo simpático (ao seu modo) e com a voz muito boa.
A dobradinha "Rock N Roll Star" e "Morning Glory" precedeu faixas de seu disco "As You Were", as canções "Greedy Soul", "Wall of Glass" e "Bold" fizeram parte do set e foram muito bem executadas pelos músicos, as canções agradaram tanto quanto o álbum e teve o acompanhamento de alguns fãs que já tem os versos decorados.
Quem esperava ouvir canções do grupo inglês, saiu bem satisfeito, já que Liam ainda cantou "Be Here Now", "Supersonic", a tão esperada e preferida "Wonderwall" entre outras, além de encerrar em grande estilo com "Live Forever".
Liam Gallagher veio, vestindo casaco de frio, bermuda e óculos escuros, trouxe seus músicos que agregaram muito ao show, fez uma apresentação completa com todos os trejeitos que conhecemos e mesmo com todo seu ar blasé, foi educado e simpático (mas sem esquecer os palavrões) e foi embora com missão cumprida.
O The Killers é hoje uma das maiores bandas de rock e do entretenimento musical mundial. Exagero? Nenhum. O show que encerrou a terceira noite do Lollapalooza 2018 não poderia ter sido outro, o que o The Killers apresenta em palco é entretenimento da melhor qualidade, menos teatral e programado do que muitos fazem por aí, e sem esquecer do rock.
Apesar das recentes mudanças na formação original, ficou claro que a alma e o coração do grupo são Flowers e Vannucci, que comandam o palco, deixam os demais músicos como coadjuvantes, mas sem deixá-los ofuscados, como é possível notar quando Ted Sablay trabalha em seus solos de guitarra ou quando as vozes das backing vocals soam potentes ao fundo.
O setlist muito bem escolhido, que passa por toda discografia (oficial) do grupo, se mantem semelhante aos dos últimos shows da tour, para satisfação dos fãs, que receberam uma enxurrada de hits: "The Man", "Somebody Told Me" e "Spaceman" só para começar. Flowers esbanja charme e elegância em palco, vai de um lado ao outro, canta, toca guitarra, teclado, interage e sorri, sorri muito para a multidão que os acompanha.
A cenografia como de costume é com muitas luzes, cores e papel picado, fazendo cada canção, ser também visualmente atraente. O show é completo, por parte de banda e de fãs, teve convidada tocando bateria em "Reasons Unknown" (a garota - que trabalha no Multishow e é ex-baterista da banda Scracho - mandou muito bem, mas não consegui deixar de notar a forma como Ronnie a conduziu), teve coro em todas as músicas, alguns refrões nunca foram cantados tão alto como ali, teve músicas que nem sempre estão pelo repertório, como "Shot at the Night" e "This River is Wild", teve Liam Gallagher aparecendo no palco em "All These Things Ive Done" e surpreendendo não só o público, mas também Flowers.
Para o bis, Brandon retorna vestindo um blazer prata reluzente, é a vez de "When You Were Young" deixar os fãs quase sem fôlego. Quase, porque quando "Mr. Brightside" é tocada não teve um que ficasse parado e não cantassem a música que se encontra há 14 anos no Top 100 da Bilboard UK.
O que faz o show do The Killers se encaixar no mundo business, mas também no rock, é a forma como é executado, não se parece como trabalho, músicas antigas não são tocadas como obrigação, o grupo ainda se diverte e com isso o que vemos é um show honesto e de qualidade. Brandon sabe em que patamar ele e sua banda chegaram e tem administrado isso muito bem.
Ronnie Vannucci se despediu dizendo: Se vocês não gostaram, não contem a ninguém que estiveram aqui. Se gostaram, contem a todos os seus amigos..
E contaremos, não só sobre os shows do The Killers, do Pearl Jam, do Red Hot Chili Peppers e dos demais, mas também desta edição do Lollapalooza Brasil, que se modificou e melhorou em diversos aspectos e que esperamos encontrar ainda mais novidades nas próximas edições. Até lá!
Enviado por Ursula Karina
Confira fotos desse show, por I Hate Flash: